terça-feira, 23 de março de 2010

Pequena Biografia do Autor

"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda." (O Gigolô das palavras).

Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.

Resumo das obras indicadas

Todas as histórias do Analista de Bagé

Histórias deliciosas do personagem clássico de Luis Fernando Verissimo.
Ele recebe seus clientes de bombacha e pés no chão, nunca deixa de oferecer um chimarrão e o divã de seu consultório é coberto com um pelego. Psicanalista da linha "freudiano barbaridade" é acusado de ser grosseiro e machista, mas se defende: "digo o que tenho que dizer, o último desaforo que levei para casa foi a minha mulher." Assim é o Analista de Bagé um dos personagens mais marcantes de Luis Fernando Verissimo, que está de volta numa reedição atualizada com histórias deliciosas deste clássico do humor brasileiro.
Divertido, levemente alucinado e com um repertório particular de expressões regionais, o analista mais querido do país informa que já nasceu "mais atrapalhado do que cachorro em procissão". Era para ser garçom num restaurante francês, mas acabou num divã à moda dos pampas ? com muito chimarrão e espora. A combinação entre psicanálise e o jeito de ser "desta gente de fronteira" resultou no crème de la crème do humor nacional.
O leitor vai se divertir com as histórias estapafúrdias e as revelações íntimas deste histriônico psicanalista politicamente incorreto, sem noções mínimas de ética.
Antes de sumir no mundo deu sua primeira e única entrevista que tem o efeito de uma verdadeira bomba ao revelar o seu método de atuação profissional. As informações sobre o seu paradeiro são desencontradas. Alguns dizem que ele morreu, outros que se aposentou. Nem o autor sabe. Seja em Bagé, Rio ou Paris, o analista deixou suas máximas. Complexo de Édipo, por exemplo, dá mais do que pereba de criança. Mania de perseguição é pura frescura, e frigidez feminina resolve-se num amasso... com o próprio, é claro. Para angústias existenciais, a infalível técnica do "joelhaço".
Sobre este método revolucionário de curar a depressão, o analista relembra: "Um dia me entrou um índio com cara de quem preferia não ter nascido e eu não me segurei nas bombacha. Fui lá e lhe apliquei o joelhaço.

Comédias da Vida Privada

A fidelidade
Em plena terça-feira, mulher e filhos descansavam na praia. Chegou o marido e contou que recebera um telefonema anônimo revelando que a esposa tinha um amante surfista. Ela negou e pediu que ele nunca desconfiasse da fidelidade dela. Ele voltou para Porto Alegre, pois teria um compromisso no dia seguinte. Mas o compromisso era naquela noite mesmo: ela se chamava Maitê. Na verdade, com toda essa história, conseguira um habeas-corpus preventivo.

Infidelidade
Um homem conta a seu médico que para conseguir fazer sexo com a sua mulher tinha que pensar em outras mulheres, alguns objetos ... E passado algum tempo, isso já não adiantava mais. Ele agora só se excitava quando pensava numa mulher madura, com o cabelo começando a ficar grisalho, olhos castanhos...E esta era a sua própria mulher.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Semana de Poesia

Tomara

Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E que o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E que a coisa divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

terça-feira, 16 de março de 2010

Semana da Poesia

Como uma pequena homenagem ao dia da poesia...

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes