segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Incidente em Antares


Minissérie baseada na obra homônima de Erico Verissimo, adaptada por Charles Peixoto e Nelson Nadotti, e exibida pela Rede Globo em 1994. Com direção de Paulo José, traz em seu elenco grandes nomes da teledramaturgia brasileira, tais como, Fernanda Montenegro, Marco Nanini, Paulo Betti, Marília Pera, dentre outros.


Enredo:
O livro foi escrito em 1971 e aborda a temática do fantástico e do sobrenatural. No ano de 1963 morrem sete pessoas em Antares. Como os coveiros estão em greve, os defuntos passam a vagar pela cidade, vasculhando a intimidade de parentes e amigos. Devido a sua condição de fantasmas, podem fazer isso sem temer represálias. O livro é dividido em duas partes, nas quais se misturam acontecimentos reais e irreais. Na primeira parte, é apresentado o ajustamento das duas facções políticas da cidade (os Campolargo e os Vacariano) às oscilações da política nacional. Apresenta também a união deles em face da ameaça comunista, como é conhecida na cidade a classe operária que reivindica seus direitos. Na segunda parte, acontece o "incidente" do título: com a greve geral em Antares e a morte inesperada de sete pessoas, incluindo a matriarca dos Campolargo, os coveiros são impedidos de efetuar o enterro e, desta forma, aumenta-se a pressão sobre os patrões. Os mortos, não sepultados, adquirem "vida" e passam a vasculhar a vida dos parentes e amigos, revelando, então, a podridão moral da sociedade. Como as personagens são cadáveres e, portanto, livres das pressões sociais, podem criticar à vontade a sociedade...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ana Terra

No século XVIII, a família Terra – pai, mãe e filhos – vive numa estância erma do interior gaúcho. Seu cotidiano é duro, penoso: tira sustento da colheita, calcula a passagem do tempo observando a natureza, enfrenta ameaças de saque e pilhagem.

Um dia, uma das filhas do estancieiro, Ana, encontra, na beira de um regato, um mestiço ferido. É o enigmático Pedro Missioneiro, indiático, bravio, e dono de uma cultura sofisticada em letras, histórias e artes musicais. Acolhido pela família, no início Ana tem aversão ao forasteiro, mas a repulsa é apenas o prelúdio da paixão avassaladora que tomará conta da menina, provocando ira e desejos de vingança nos irmãos e no pai. Em meio a esses sentimentos primitivos e dominadores, uma fronteira se desenha, uma nação e um povo se formam.

Ana Terra é parte de O Tempo e o Vento, obra-prima de Erico Verissimo. Foi lançada, ainda em vida do autor, como romance à parte, dotada que é de vigor e encantamento próprios...

CIA das Letras



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Olhai os Lírios do Campo

Obra escrita por Erico Veríssimo, Olhai os Lírios do Campo ganhou algumas adaptações para a TV. O vídeo é uma junção da abertura da novela, exibida no horário das 6 pela TV Globo, em 1980, com cenas da série também baseada no livro, exibida pela RBS TV, de Porto Alegre (RS), no ano de 2005.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Um Certo Capitão Rodrigo

Erico Verissimo (1905-1975) foi, e é, um dos escritores de maior sucesso neste país. Há boas razões para tal. Em primeiro lugar, a sua ampla visão histórica e social, particularmente do Rio Grande do Sul, o estado onde nasceu e viveu. Depois, a sua extraordinária capacidade narrativa. Por último, mas não menos importante, o seu dom de criar personagens. Essas três qualidades estão presentes em Um Certo Capitão Rodrigo, da monumental trilogia O Tempo e o Vento, que é o épico gaúcho: cobre, em três volumes (O Continente, O Retrato, O Arquipélago), praticamente toda a história do Rio Grande do Sul, desde a conquista do território aos espanhóis, no século XVII, até meados do século XX.

Acompanhamos a trajetória de Rodrigo Cambará, veterano guerreiro, que, em 1828, surge – a cavalo, cabeleira ao vento, violão a tiracolo – no fictício povoado de Santa Fé. Chegado ao jogo, à bebida e a mulheres, é uma figura desafiadora, que destoa dos pacatos moradores da vila, governados com mão de ferro pelo tirânico coronel Ricardo Amaral Neto. Mas Rodrigo não sairá dali, apaixonado que está por Bibiana, filha do rude Pedro Terra e cortejada por Bento Amaral, filho do coronel Ricardo, que assim tem uma razão a mais para não gostar do forasteiro Rodrigo, que sempre enfrentou com destemor o desafio de matar ou morrer, e não recuará. O resultado é uma história que prende e fascina o leitor do começo ao fim (a cena do duelo entre Rodrigo e bento é antológica).

Rodrigo Cambará corresponde à imagem clássica do gaúcho, destemido, aventureiro, mulherengo, mas também autêntico e generoso. Erico, porém, estava atento ao estereótipo, à caricatura; seu personagem é complexo, contraditório. O autor não nos fala só do Rio Grande do Sul. Ele nos fala da condição humana. Por isso, Um Certo Capitão Rodrigo é grande literatura.


Moacyr Scliar

Colunista da Folha de São Paulo.