sábado, 8 de outubro de 2011

Soneto do amor total


Soneto do Amor Total - Vinícius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pud
e.

Soneto de luz e treva


Soneto de luz e treva (Vinícius de Moraes)

Ela tem uma graça de pantera
No andar bem-comportado de menina.
No molejo em que vem sempre se espera
Que de repente ela lhe salte em cima.

Mas súbito renega a bela e a fera
Prende o cabelo, vai para a cozinha
E de um ovo estrelado na panela
Ela com clara e gema faz o dia.

Ela é de capricórnio, eu sou de libra
Eu sou o Oxalá velho, ela é Inhansã
A mim me enerva o ardor com que ela vibra

E que a motiva desde de manhã.
- Como é que pode, digo-me com espanto
A luz e a treva se quererem tanto...

Soneto da devoção

Soneto de Devoção
Vinícius de Moraes


Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica em meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! - uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Amor, escuta um segredo...


Amor, escuta um segredo... (s/ título)

Vinícius de Moraes

Amor, escuta um segredo
Tua pele é lisa, lisa
Minha palma que a analisa
Não tem medo: fica nua.

Fica de tal modo nua
Que eu, ante tanto abandono
Transforme o desejo em sono
E não seja apenas teu.

Ausência

Ausência- Vinícius de Moraes

Eu deixarei que morra em mim
o desejo de amar os teus olhos que são doces
porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto
no entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto
existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
que ficou sobre a minha carne
como nódoa no passado
eu deixarei...
tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, 
porque eu fui o grande íntimo da noite. 
Porque eu encostei minha face na face da noitee ouvi tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçam os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até em mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausentem a tua voz serenizada.

Encontro de Setembro

Como foi anteriormente dito, o encontro de Setembro aconteceu no Passeio Público, com início às 9:00 horas, no dia 24. Nossa manhã se iniciou com a representação de uma das cenas do livro "Reinações de Narizinho" do autor Monteiro Lobato.

Tivemos nosso dinâmica, onde cada participante escreveria no papel o que queria que o seu colega ao lado fizesse em frente a todos. Depois foi explicado que na verdade cada um faria o que escreveu, não o colega do lado. Foram muitas risadas. Após tudo isso aproveitamos nosso café da manhã.




Falamos do local (o passeio público), da escola literária p´re modernista e do autor Monteiro Lobato, depois de discussões a cerca de Monteiro, falamos da escola Modernista  e também de Vinícius de Moraes. Onde foi aberto um leque de poemas deste autor: Ausência; Amor Escuta um Segredo...(sem título); Soneto da Devoção; Soneto de Luz e Treva; Soneto do Amor Total; e o Trecho.