domingo, 12 de abril de 2009

Vida & Obra de William Shakespeare

Poeta nacional da Inglaterra e maior dramaturgo da literatura universal, William Shakespeare escreveu suas obras para um pequeno teatro de repertório, no final do século XVI e início do XVII. Quatrocentos anos mais tarde, suas peças ainda encantam plateias em todo o mundo e são mais frequentemente encenadas do que as de qualquer outro autor teatral. Nasceu em Stratford-on-Avon, Warwickshire, onde foi batizado em 26 de abril de 1564. Seu aniversário era tradicionalmente comemorado em 23 de abril. Fez seus primeiros estudos provavelmente na cidade natal e, aos 18 anos, casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos. Suas atividades durante o decênio seguinte permanecem obscuras, pois a primeira referência a seu prestígio como dramaturgo data de 1592. Provavelmente escrevia para o teatro desde três anos antes.

Shakespeare publicou, no início da carreira, dois poemas narrativos em estilo renascentista – Vênus e Adônis (1593) e Lucrécia (1594) – e os Sonetos (1609), 154 sonetos que, provavelmente entre 1593 e 1600, figuram entre as mais belas e importantes obras em língua inglesa. Há inúmeras evidências de que logo conquistou sucesso e fortuna com o teatro. Em 1594 era membro destacado de uma companhia de teatro, que atuava na melhor sala de espetáculos de Londres, o Globe Theatre. Supõe-se que, a partir de 1600 e durante 13 anos, Shakespeare devotou-se integralmente à dramaturgia e escreveu obras teatrais da mais alta qualidade.


Gênio da dramaturgia inglesa, suas peças, tanto tragédias quanto comédias, traçam um retrato tão profundo da alma humana e suas desventuras que podemos dizer que seus temas são bem atuais. A mentira, o orgulho, a inveja e a traição sempre separam as grandes amizades e são armas eficientes para que se atinjam os objetivos desejados. O amor, retratado em suas peças, é o principal objetivo dos personagens e também dos deuses (como em Sonhos de uma Noite de Verão), contudo este sentimento parece muitas vezes confundir a alma humana. Quando não se apresenta sob forma de um amor proibido, que leva seus amantes à morte (seja por suicídio ou assassinato), ele se revela disfarçado em disputas, amores não-correspondidos, amores interesseiros, amores sinceros, enfim, em diferentes facetas.

O drama Henrique VI (1589-1592), em três partes, inicia o ciclo sobre a história da Inglaterra; segue-se Ricardo III (1592-1593), uma das peças mais famosas do dramaturgo, protagonizada pela figura demoníaca do rei Ricardo III. A Comédia dos Erros (1592-1593), a mais curta das peças do autor, é inspirada no comediógrafo romano Plauto e gravita em torno das confusões causadas por dois pares de gêmeos; A Megera Domada (1593-1594), uma comédia de costumes; Tito Andrônico (1593-1594) é tragédia violenta, repleta de episódios sangrentos, à moda romana; e Os Dois Fidalgos de Verona (1594-1595) baseia-se no argumento de um longo romance espanhol em prosa. É também dessa época a primeira das grandes tragédias shakespearianas, Romeu e Julieta (1594-1595).



O ciclo de peças históricas continuaria com Ricardo II (1595-1596), Rei João (1596-1597) e as duas partes de Henrique IV (1597-1598), a mais importante das peças históricas de Shakespeare, em que a ação se equilibra e harmoniza com as cenas de humor, dominadas por Falstaff, uma das maiores personagens criadas pelo dramaturgo. Segue-se Henrique V (1598-1599), peça sobre a guerra que, habilmente, evita cenas de batalha no palco e mostra as personagens enquanto se preparam para a vitória ou a derrota.

As comédias escritas entre 1596 e 1602 tem muito em comum. O tema é o amor, e todas terminam em casamento. As histórias derivam de novelas e comédias italianas, contos ingleses e, no caso de Sonhos de uma Noite de Verão (1595-1596), da própria imaginação do autor. Com exceção de As Alegres Comadres de Windsor (1600-1601), todas se passam em lugares imaginários, que tomam nomes conhecidos como Ilíria, Atenas, Veneza e Belmont. O Mercador de Veneza (1596-1597) é protagonizada por Shylock, judeu que pretende usar a justiça para uma terrível vingança contra Antônio, o mercador cristão. Muito barulho por nada (1598-1599) explora mal-entendidos surgidos em um baile de máscaras. Na bucólica Como você quiser (1599-1600), o encanto de Rosalind se contrapõe ao cinismo melancólico de Jacques. Noite de Reis (1601-1602) é provavelmente a última das comédias shakespearianas. Ainda por volta de 1599, após as peças sobre a história inglesa, Shakespeare iniciou com Júlio César (1599-1600) o ciclo das tragédias romanas.

As peças escritas por Shakespeare entre 1600 e 1608 têm em comum uma visão fundamentalmente pessimista e amarga da existência e a profundidade das paixões, conflitos e contradições da natureza humana. Destacam-se as grandes tragédias: Hamlet, O Príncipe da Dinamarca (1600-1601); Otelo, O Mouro de Veneza (1604-1605); Rei Lear (1605-1606); e Macbeth (1605-1606), obras em que o magistral estudo psicológico dos protagonistas é realçado pelo equilíbrio com que o autor apresenta as outras personagens e pelo perfeito contraponto entre os diálogos e monólogos, obras-primas de linguagem poética.

Hamlet, a tragédia da dúvida, do desespero do solitário príncipe diante da violência do mundo, considerada a mais enigmática de todas as peças do poeta inglês, é também a mais representada e estudada até hoje. As aparências que enganam e o predomínio das paixões sobre a razão foram temas frequentes na obra de Shakespeare. Em Otelo, as consequências de tais atitudes não resultam em comédia, mas sim em tragédia. Rei Lear transcorre em torno do enlouquecimento de um rei, que precisa descrever uma árdua trajetória para tornar-se simplesmente homem. Já Macbeth é a única peça de Shakespeare aparentemente relacionada à situação histórica da Inglaterra do século XVI, o regicídio, considerado então o pior dos crimes, é o tema central, tratado de forma extremamente poética.



A maturidade de Shakespeare se expressa igualmente nas sombrias comédias Tróilo e Cressilda (1601-1602), paródia do heroísmo; Tudo está bem se acaba bem (1602-1603); e Medida por medida (1604-1605), cujo tom oscila entre a melancolia e a mordacidade. Apenas no século XX, no entanto, essas peças foram encenadas frequentemente e despertaram na audiência um interesse que o público elisabetano não pareceu sentir. Completam o ciclo romano Antônio e Cleópatra (1606-1607) e Coriolano (1607-1608), sobre o irremissível fracasso e solidão final do herói. Tímon de Atenas (1607-1608) mostra sinais de ter sido abandonada pelo autor, pois não se compara em qualidade às outras obras de fase madura.

Por volta de 1610, Shakespeare retornou à cidade natal, onde passou seus últimos anos e escreveu suas últimas peças. O caráter experimental dessas obras – sobretudo A Tempestade (1611-1612) – parece próprio de um artista em pleno vigor criativo, que esperava trabalhar ainda por muitos anos. São dessa época Cimbelino (1609-1610), em que Póstumo faz uma aposta acerca da castidade de sua esposa Imogen; Conto de inverno (1610-1611), em que o autor propositadamente joga com o comprometimento emocional da plateia com a trama; a já citada A Tempestade, peça de ação movimentada que envolve a preparação de assassinatos, danças, cantos, uma romântica história de amor e algumas cenas de grande comicidade; e Henrique VIII (1612-1613), que retoma a história da Inglaterra, dessa vez de forma mais fragmentada e episódica.

Morreu em Stratford-on-Avon a 23 de abril de 1616. Não é verdade que tenha permanecido esquecido na Inglaterra até a segunda metade do século XVII. Somente no século XVIII, entretanto, sua grandeza foi integralmente reconhecida. Ao mesmo tempo, conquistou também toda a Europa. Admirado sempre na Inglaterra, foi, sobretudo no começo do século XIX, com o Romantismo, que sua figura alcançou indiscutível glória universal. Não seria exagerado afirmar que nenhum outro escritor exerceu influência equiparável sobre a literatura moderna...

(ROMEU e Julieta. São Paulo: Martin Claret, 2005.)

Shakespeare's Memorial Theatre, Stratford-on-Avon, England.






Um comentário:

Rafael Lopes disse...

faço partye de um grupo de teatro no qual estamos pesquisando sobre esse grande dramturgo e a peça é (romeu e julieta),essa muita gente ja montou e sabendo disso estamos montando de outra forma, primeiro usando shakespeare com cultura popular e pra rsrs piorar teatro de rua, então você imagina a loucura que estamos. então agradeço ao clube da leitura. abraço