sábado, 6 de novembro de 2010

Florbela Espanca
Poetisa de um lirismo fortemente marcado por sua terra, Florbela Espanca pôs em versos de aparência parnasiana o erotismo e a liberdade que expressou e assumiu tanto na obra como na vida. Na sua poesia, a efusão lírica é a sensualidade luminosa e ousada da época. Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria Toscano. Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria teve filhos com outra mulher. Assim, no dia 8 de dezembro de 1894 nasce Flor d’Alma da Conceição Espanca em Vila Viçosa, no Alto Alentejo.
Aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida e a Morte. Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas mais escusos e melancólicos.
Foi uma das primeiras mulheres a ingressar no curso secundário, fato que não era visto com bons olhos pela sociedade.
Casa-se no dia de seus 19 anos com Alberto Moutinho. Sob o olhar compreensivo de Florbela ele convive abertamente com uma empregada. Em 1917 ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Após um aborto involuntário, se muda para Quelfes, onde apresenta os primeiros sinais sérios de neurose. Seu casamento se desfaz pouco.
Em junho de 1919 sai Livro de Mágoas, que apesar da poetisa não ser tão famosa faz bastante sucesso, esgotando-se rapidamente. No mesmo ano passa a viver com Antônio Guimarães, casando-se com ele em 1921. Após mais um aborto separa-se pela segunda vez, o que faz com que sua família deixe de falar com ela. Em 1925 Florbela casa-se com Mário Lage no civil e no religioso e passa a morar com ele.
Em 1997, Apeles, irmão de Florbela, falece em um trágico acidente, fato esse que abalou demais a poetisa. Ela aferra-se à produção de As Máscaras do Destino, dedicando ao irmão. Sua doença se agrava bastante após o ocorrido.
Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.”
8 de dezembro – no dia do seu 36º aniversário suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal

A Vida (Florbela Espanca)

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo" Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Nenhum comentário: